domingo, 18 de maio de 2025

O Ajudante Robô na Horta


Certa manhã, Dona Elda decidiu que era hora de modernizar a horta. Após ver um comercial sobre um robô ajudante, ela teve uma ideia.

— Lelé, vamos comprar aquele robô que faz tudo na horta! — anunciou, animada.

— Robô? E ele vai fazer o meu trabalho? — Lelé perguntou, com uma sobrancelha levantada.

— Exatamente! Ele vai ajudar a plantar, regar e até colher! — respondeu Elda, sonhando com a eficiência do robô.

Depois de algum convencimento, ele concordou e, em poucos dias, o robô chegou. Era um modelo prateado, com braços mecânicos e um visor que piscava.

— Olá, sou o Roborta 3000! — anunciou a máquina, com uma voz robótica. — Pronto para ajudar!

— Uau! Ele fala! — disse Lelé, surpreso.

— Vamos começar! — disse Elda, empolgada. — Roborta, plante os tomates!

— Iniciando plantio de tomates... — respondeu o robô, enquanto começava a cavar buracos perfeitamente simétricos.

Lelé, que estava observando, decidiu dar uma ajuda. 

— Olha, Roborta, você precisa colocar a semente assim... — começou a explicar, gesticulando.

— Ajustando para método humano... — disse o robô, enquanto mudava o padrão de plantio para um estilo mais bagunçado, quase como Joaquim fazia.

Elda riu.

— Ele está te imitando, Lelé!

Enquanto isso, o robô começou a regar a horta, mas com tanta água que as cenouras quase se afogaram.

— Opa! — exclamou Lelé. — Não é assim que se rega!

— Ajustando para rega eficiente... — disse o Roborta, que, em vez de diminuir a pressão, aumentou ainda mais.

Cerca de cinco minutos depois, a horta se transformou em um verdadeiro lago.

— Roborta, pare! — gritou Elda, mas o robô estava concentrado demais.

Finalmente, Lelé, rindo, correu até o robô e desligou-o.

— O que foi que você fez, Roborta? Agora temos uma horta aquática! — disse, olhando as cenouras submersas.

— Desculpe, erro de programação! — disse o robô, com um tom quase envergonhado.

Depois de limpar a bagunça, Elda teve uma ideia.

— Vamos testar a colheita! Roborta, colha os tomates!

— Iniciando colheita de tomates... — o robô respondeu, pegando os tomates com precisão.

— Olha como ele faz! — Elda estava animada.

Mas, assim que o robô terminou, ele começou a colocar os tomates em uma pilha que crescia descontroladamente. 

— Roborta, não! Cuidado com a pilha! — gritou Lelé, mas era tarde demais. Os tomates rolaram e se espalharam por toda a horta.

— Erro de cálculo! — disse o robô, enquanto tentava pegar os tomates que escapavam.

— Lelé, acho que precisamos de um novo plano. O que você acha de um robô que não se comporte como você? — Elda brincou.

— Ou um que não tenha essa ideia de "bagunça organizada"! — ele riu.

No final do dia, apesar da confusão, o casal percebeu que o Roborta trouxe risadas e novas histórias para contar.

— Talvez a tecnologia não seja tão perfeita assim! — disse Elda, olhando para o robô.

— Mas pelo menos nos divertimos! — respondeu Lelé, enquanto ambos começavam a recolher os tomates espalhados.

E assim, na horta, entre risadas e imprevistos, Dona Elda e Seu Lelé descobriram que, às vezes, um ajudante robô pode ser mais divertido do que eficiente!

Fontes: 
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2025.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

sábado, 17 de maio de 2025

Um Parque de Diversões não muito divertido

Era uma tarde ensolarada quando Seu Jorge decidiu levar seus dois filhos, Lucas e Ana, ao parque de diversões. Ele havia prometido isso há semanas, mas, para ser sincero, não estava tão animado quanto eles.

Lucas: — Papai, vamos no trem fantasma primeiro?

Ana: — Não! Eu quero ir na roda-gigante!

Seu Jorge: — (pensando) Roda-gigante… tudo bem. Vamos começar por lá.

Ao chegarem, as crianças ficaram deslumbradas com as luzes e os sons do parque.

Ana: — Olha, papai! A roda-gigante é enorme!

Lucas: — E as montanhas-russas! Vamos nelas depois?

Seu Jorge: — (sorrindo nervosamente) Primeiro a roda-gigante, então. Isso é… tranquilo.

Depois de uma longa fila, eles finalmente subiram na roda-gigante. Enquanto subiam, Lucas estava radiante, mas Seu Jorge começou a suar frio.

Lucas: — Olha, papai! Estamos lá em cima!

Seu Jorge: — (engolindo em seco) Sim, muito alto… Lindo, não é?

Quando chegaram ao topo, Lucas estava extasiado, mas Seu Jorge olhava para baixo, imaginando o que aconteceria se ele caísse.

Lucas: — Papai, olha a vista!

Ana: — (pulando de alegria) É incrível!

Seu Jorge: — (murmurando) Incrível… sim… muito bom…

Assim que desceram, Lucas estava pulando de alegria, enquanto Seu Jorge respirava aliviado, pensando “Nunca mais quero ir na roda-gigante!”

Ana: — Vamos no algodão-doce!

Seu Jorge: — (suspirando) Algodão-doce é bom. Vamos lá!

Na barraca de doces, Seu Jorge pediu um algodão-doce gigante e dois sorvetes.

Vendedor: — Isso vai te custar caro!

Seu Jorge: — Caro?  Porque? É só açúcar!

Vendedor: — Exatamente! E açúcar custa caro!

Enquanto pagava, Lucas e Ana estavam distraídos com um palhaço que fazia malabarismos.

Lucas: — Papai, eu quero aprender a fazer isso!

Seu Jorge: — Primeiro, você precisa de um pouco de prática… e coragem!

Com as guloseimas em mãos, foram para a área de jogos. Seu Jorge decidiu tentar a sorte em um jogo de arremesso de argolas.

Seu Jorge: — Vou ganhar um prêmio para vocês!

Ele arremessou as argolas, mas errou todas.

Ana: — Papai, você não sabe jogar!

Lucas: — Deixa eu tentar!

Lucas pegou as argolas e, com toda a sua força, lançou uma. Acertou em cheio, mas não foi na garrafa, foi na cara do homem da barraca.

Lucas: — O que foi isso? Eu só queria ganhar um urso!

Homem da barraca: — E eu tenho cara de urso?

Seu Jorge: — Desculpe, senhor. Vamos tentar mais uma vez, mas tenta não acertar este senhor… quem sabe?

Após várias tentativas, conseguiram ganhar um pequeno peixinho de pelúcia.

Ana: — Que lindo! Vamos dar um nome a ele!

Lucas: — Que tal “Nemo”?

Ana: — Não, “Peixinho Alegre”!

Lucas: — “Peixinho Alegre” é ótimo! Agora, que tal uma volta na montanha-russa?

Os olhos de Seu Jorge se arregalaram.

Seu Jorge: (pensando) Montanha-russa… será que eu consigo?

Lucas: — Papai, vem com a gente!

Relutante, Seu Jorge decidiu acompanhar os filhos. Ao subir na montanha-russa, seu coração estava batendo mais rápido do que o trem.

Ana: — Isso vai ser incrível!

Lucas: — Vamos gritar juntos!

Quando o trem começou a descer, Seu Jorge gritou mais alto do que todos, enquanto Lucas e Ana riam.

Seu Jorge: (gritando) Isso é uma loucura!

Ao final do passeio, Lucas e Ana estavam gritando de alegria, mas Seu Jorge estava mais pálido que um avental de médico.

Lucas: — Papai, você gostou?

Seu Jorge: — (ofegante) Gostei… um pouco… talvez… nunca mais!

Ana: — Vamos de novo!

Seu Jorge: — (com um sorriso forçado) Sério????

Lucas: — Que tal outra roda-gigante?

Após mais algumas voltas na roda-gigante, finalmente era hora de ir para casa. As crianças estavam exaustas, mas cheias de alegria.

Seu Jorge: — E então, o que vocês acharam do dia?

Lucas: — Foi o melhor dia de todos!

Ana: — Podemos voltar no próximo fim de semana?

Seu Jorge: — (sorrindo) Claro! Desde que a gente evite a montanha-russa…

Os três riram juntos enquanto caminhavam para o carro, já planejando novas aventuras, e Seu Jorge pensava que, apesar do medo, o sorriso dos filhos valia cada grito e cada centavo gasto.

Fontes: 
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quarta-feira, 7 de maio de 2025

E-book Labirintos da Vida

  

Quero compartilhar meu e-book intitulado "Labirintos da Vida". Com 177 páginas e 51 contos e crônicas, a obra explora temas profundos como o abandono de idosos e de pets, a solidão, a compaixão e o amor incondicional.

As narrativas buscam refletir sobre a luta por dignidade em meio às adversidades da vida, trazendo à tona histórias que tocam o coração. Acredito que você encontrará momentos de reflexão e conexão em cada página.

Ficaria muito feliz se você pudesse dar uma olhada e compartilhar suas impressões.

Enviei cerca de 150 e-mails com o e-book, se não recebeu baixe-o no link
 

abraços fraternos,
José Feldman

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Fábula do Lobo e do Caçador

Era uma vez, em uma floresta densa e vibrante, um lobo chamado Lúcio. Ele era conhecido por sua astúcia e habilidade em caçar. Lúcio sempre agia em grupo, confiando em sua matilha para sobreviver. Entre os membros da matilha, havia uma relação forte de lealdade e amizade.

Um dia, um caçador humano, chamado Marco, entrou na floresta em busca de presas. Ele era astuto e conhecia bem os hábitos dos animais. Ao avistar Lúcio e sua matilha, decidiu que precisava de uma estratégia para capturá-los. Ele se aproximou de Lúcio, disfarçando suas intenções.

"Olá, amigo lobo! Eu sou um viajante e conheço muitos segredos da floresta", disse Marco. "Se você me ajudar a encontrar comida, poderei compartilhar algumas iguarias que os humanos têm. Juntos, seremos mais fortes."

Lúcio, impressionado com a oferta, sentiu-se lisonjeado. Ele nunca havia pensado que um humano poderia ser útil. 

"Muito bem, posso ajudá-lo", respondeu o lobo, sem suspeitar das verdades ocultas nas palavras de Marco.

Assim, Lúcio começou a levar Marco até os locais onde a matilha costumava caçar. Eles se tornaram amigos, e Marco parecia cada vez mais confiável. No entanto, a amizade entre eles era construída sobre uma base de traição. Marco, em segredo, observava a matilha e planejava capturá-los.

Certa manhã, Marco teve uma ideia. Ele se aproximou de Lúcio e disse: "Se você me ajudar a pegar um dos filhotes da matilha, poderei garantir que você tenha uma refeição farta todos os dias. E assim, você se tornará o lobo mais forte da floresta!"

Lúcio, seduzido pela promessa de poder e comida, concordou. Ele não percebeu que estava sendo usado. 

Naquela noite, enquanto a matilha dormia, Marco armou uma armadilha para capturar os filhotes, e Lúcio, sem pensar, guiou-o até eles.

Quando a armadilha se fechou, os filhotes gritaram, e Lúcio finalmente percebeu que havia sido traído. Marco, em vez de ajudar, riu e disse: "Você realmente achou que poderia confiar em mim? Eu sou um caçador, e você, um animal. Agora, você perdeu sua matilha por causa da sua ambição!"

Desesperado, Lúcio tentou libertar os filhotes, mas era tarde demais. O caçador fugiu com os pequenos, e Lúcio ficou sozinho, consumido pela culpa. Ele havia traído a confiança de sua matilha em busca de poder e comida, e agora pagava o preço.

Com o tempo, Lúcio aprendeu a lição. Ele se afastou dos humanos e passou a valorizar a lealdade de sua matilha. Juntos, eles enfrentaram os desafios da floresta, entendendo que a verdadeira força vem da união e da confiança mútua.

Moral da História

A traição pode trazer ganhos momentâneos, mas os laços de amizade e lealdade são as verdadeiras riquezas que sustentam a vida. Desprezar a confiança dos outros pode levar à solidão e à dor.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

sábado, 26 de abril de 2025

Fábula do Leão e da Raposa


Era uma vez, em uma vasta savana, um leão majestoso chamado Leon. Ele era o rei da selva, respeitado por sua força e coragem. No entanto, Leon tinha um temperamento explosivo e se deixava levar facilmente pela raiva. Qualquer desavença ou desobediência o deixava furioso.

Em uma manhã ensolarada, enquanto Leon descansava sob uma árvore, uma raposa chamada Rina passou por perto. Ela era conhecida por sua astúcia e inteligência, mas também por sua curiosidade. Ao ver o leão dormindo, ela decidiu se aproximar, mas inadvertidamente pisou em seu pé.

Leon acordou com um rugido estrondoso. "Quem ousa me incomodar?" gritou, olhando para a pequena raposa. A raiva tomou conta dele, e ele se preparou para atacar.

Rina, assustada, tentou explicar: "Desculpe, Rei Leon! Foi um acidente! Eu não queria te machucar!"

Mas Leon, consumido pela raiva, não ouviu suas palavras. "Você deve pagar por isso!", rosnou ele, enquanto a raposa tentava escapar.

Desesperada, Rina correu pela savana, e Leon a seguiu, cego pela fúria. A raposa, ágil e esperta, conseguiu se esconder em um buraco de árvore. Leon, frustrado, ficou rugindo do lado de fora, mas não conseguiu alcançá-la.

Após algum tempo, a raiva começou a se dissipar. Leon percebeu que estava se destruindo por causa de um pequeno incidente. Ele se afastou, cansado e envergonhado de sua própria explosão de raiva.

Enquanto isso, Rina, ainda escondida, refletia sobre o que havia acontecido. Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de reconciliar-se com o leão. Então, teve uma ideia.

No dia seguinte, Rina fez uma pequena armadilha de ervas e flores, e, ao se aproximar da clareira onde Leon costumava ficar, deixou a armadilha armada. Quando Leon apareceu, sentiu o cheiro doce e se aproximou curioso.

"Olá, Rei Leon!", disse Rina, saindo de seu esconderijo. "Eu trouxe um presente para você. Espero que aceite como um sinal de paz."

Leon, intrigado, olhou para a armadilha e viu que era um presente de boa intenção. Ele lembrou-se de sua raiva e de como quase havia machucado uma amiga inocente. Com um suspiro profundo, decidiu que precisava aprender a controlar suas emoções.

"Obrigado, Rina. Eu agi de forma imprudente", disse Leon, com sinceridade. "A raiva me cega, e eu não quero ser um rei que governa com medo."

A raposa sorriu, aliviada. "Todos temos nossas fraquezas, Leon. O importante é aprender com elas e buscar a compreensão."

A partir daquele dia, Leon trabalhou para controlar sua raiva. Ele se tornou um líder mais sábio e justo, e a amizade entre ele e Rina floresceu. Juntos, eles ensinaram os outros animais sobre a importância de manter a calma e resolver conflitos com compreensão.

Moral da História

A raiva pode nos cegar e nos levar a cometer erros, mas o verdadeiro poder está em aprender a controlar nossas emoções e buscar a paz. A compreensão e a amizade são sempre mais fortes que a fúria.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Fábula da Águia e do Lobo

Era uma vez, em uma vasta floresta, uma águia majestosa que voava alto nos céus. Seu voo elegante e sua plumagem brilhante a tornavam a rainha do céu. Todos os animais a admiravam por sua beleza e graça. A águia, com seus olhos afiados, caçava com destreza e se orgulhava de ser a mais poderosa das aves.

Em uma parte mais baixa da floresta, habitava um lobo astuto. Ele era forte e veloz, mas sempre olhava para cima, invejando a liberdade e a beleza da águia. O lobo frequentemente se queixava para os outros animais: "Por que a águia tem que ser tão especial? Por que ela pode voar enquanto eu fico preso ao chão?"

Os animais tentavam acalmá-lo, mas a inveja do lobo só crescia. Um dia, ele decidiu que não poderia suportar mais essa situação. “Se eu não posso voar como a águia, talvez eu possa fazer algo para que ela caia e me admire”, pensou o lobo.

E assim, começou a planejar. Ele se aproximou de uma árvore alta, onde a águia costumava pousar. O lobo começou a espalhar rumores entre os outros animais, dizendo que a águia era arrogante e que seu voo a tornava distante e desinteressada. "Por que devemos admirar alguém que se acha superior?" ele dizia.

Os animais, influenciados pelas palavras do lobo, começaram a olhar para a águia com desconfiança. A águia, percebendo a mudança na atitude dos outros, se sentiu triste, mas decidiu continuar vivendo sua vida, confiando em seu valor.

O lobo, satisfeito com o que havia feito, pensou que agora seria o momento perfeito para agir. Ele se escondeu sob a árvore e esperou a águia pousar. Quando a águia desceu para descansar, o lobo saltou em direção a ela, com a intenção de atacá-la.

Mas a águia, com sua visão aguçada, percebeu a movimentação e, antes que o lobo pudesse chegar perto, alçou voo novamente, pairando no ar e olhando para baixo. "Por que você me inveja, lobo?" perguntou a águia. "Eu não sou seu inimigo."

O lobo, frustrado, gritou: "Você não entende! Você possui tudo! A beleza, o poder, a liberdade! Eu só queria ser como você!"

A águia, com compaixão, respondeu: "Cada um tem suas próprias qualidades. Eu sou feita para voar, mas você é forte e ágil no chão. Em vez de me invejar, por que não usa suas habilidades para se destacar?"

O lobo ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras da águia. Ele percebeu que sua inveja o havia cegado para suas próprias qualidades. A águia, com seu olhar gentil, continuou: "A inveja só traz tristeza. Se você usar sua força para ajudar os outros, encontrará respeito e amizade."

Finalmente, o lobo entendeu. Ele se desculpou com a águia e decidiu usar sua agilidade para proteger os animais menores da floresta. Com o tempo, ganhou respeito e se tornou um guardião da floresta, admirado por sua bravura e lealdade.

Moral da História

A inveja cega e corrói, mas reconhecer e valorizar nossas próprias qualidades traz verdadeira felicidade e respeito.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Plantando Sorrisos

Risos em cada canto
são momentos que eu planto...
Nosso laço é o encanto.

Em um dia ensolarado, sentei-me em um café à beira da praça e observei o movimento ao meu redor. Risos em cada canto, como flores que brotam em meio ao concreto, eram o cenário perfeito para refletir sobre as pequenas alegrias da vida. Cada risada era um eco de momentos compartilhados, um lembrete de que a felicidade se espalha quando estamos abertos a ela.

A vida é feita de encontros e desencontros. A cada sorriso que encontramos, plantamos uma semente de afeto. São esses momentos que cultivamos que fortalecem nossos laços. Lembrei-me de tardes em que amigos se reuniam em volta de uma mesa, conversas fluindo como um bom vinho, risadas preenchendo o ar. Esses instantes, simples e genuínos, são o verdadeiro encanto da vida.

Nosso laço é o encanto. Quando estamos rodeados de pessoas que amamos, cada risada se torna uma memória, um tesouro guardado no coração. É um fio invisível que nos une, que nos faz sentir que, apesar das adversidades, temos um ao outro. Assim, aprendemos que a felicidade não é um destino, mas uma jornada que fazemos juntos, risada a risada.

Enquanto observava aquela cena cotidiana, percebi que a vida é um grande jardim. E nós somos os jardineiros, responsáveis por cultivar sorrisos e momentos. Cada interação é uma oportunidade de semear alegria, de regar o amor e de colher gratidão. Muitas vezes, não precisamos de grandes feitos ou de eventos extraordinários; às vezes, um simples "como você está?" pode florescer em uma amizade duradoura.

Ao final daquele dia, deixei o café com o coração leve. As risadas que ouvi foram como promessas de que o melhor da vida está nas relações que construímos. Cada momento que plantamos se transforma em um laço forte e encantador, que nos acompanha nas alegrias e nas dificuldades.

E assim, continuamos a caminhar, sempre em busca de mais sorrisos para semear, pois, afinal, são esses momentos que tornam nossa existência verdadeiramente rica e significativa.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem obtida com Microsoft Bing.

A alegria de viver sete décadas

 
Nasci nos anos 50, no século passado, em um mundo que respirava esperança e transformação. A infância foi marcada por tardes ensolaradas, brincadeiras na rua e um aroma inconfundível de comida caseira que pairava no ar. Era uma época em que o tempo parecia se arrastar, mas, de certa forma, era também um tempo privilegiado, repleto de descobertas. 

Ser criança nas últimas quatro décadas do século passado era viver em um mundo de descobertas simples e brincadeiras ao ar livre. Nos anos 60 e 70, as ruas eram os playgrounds. Crianças jogavam bola, andavam de bicicleta e se reuniam para brincar de esconde-esconde até o sol se pôr. Os brinquedos eram feitos de plástico e madeira, e a imaginação corria solta com bonecas, carrinhos e jogos de tabuleiro.

As tardes eram preenchidas com programas de TV, mas a tela era apenas uma parte do entretenimento. A interação social era vibrante, com amigos se reunindo para aventuras, criando histórias e laços que muitas vezes duravam a vida inteira.

Hoje, na última década, a infância é marcada pela tecnologia. Tablets e smartphones tornaram-se os novos brinquedos, e as crianças muitas vezes preferem jogos virtuais a brincadeiras ao ar livre. As redes sociais estão moldando novas formas de interação, mas muitas vezes à custa da desconexão física. Embora os brinquedos modernos sejam incríveis, muitos sentem falta da simplicidade e da criatividade dos brinquedos daquela época.

Lembro-me do primeiro telefone que vi: um aparelho de disco, com um som característico quando girávamos os números. Era uma conquista para a família, uma forma de nos conectarmos com o mundo. Hoje, ao olhar para os smartphones que todos carregam, fico impressionado com a velocidade com que as informações circulam. Naquela época, uma ligação era um evento, um contato especial. Agora, trocamos mensagens em segundos, mas a magia do “disca e espera” se perdeu.

Nos anos 60, a revolução cultural começou a tomar forma. O rock'n'roll invadiu nossas vidas, e os discos de vinil giravam nas picapes, criando trilhas sonoras para nossas histórias. As festas eram regadas a música e dança, enquanto hoje os jovens têm acesso a milhares de playlists com um toque no celular. A nostalgia do vinil, com seu chiado característico e a emoção de virar o disco, é algo que não se compara à música digital, que, apesar de prática, muitas vezes carece daquela autenticidade.

Os anos 70 trouxeram mudanças ainda mais drásticas. A invenção do mimeógrafo nos permitiu democratizar a informação nas escolas e nos grupos comunitários. Ah, como era emocionante ver as folhas saindo, ainda com aquele cheiro de tinta fresca! Hoje, a impressão é instantânea, mas a sensação de ver algo feito à mão, de esperar a tinta secar, parecia conectar as pessoas de um jeito especial. Cada cópia era única, uma obra de arte coletiva.

Na década de 80, a explosão da televisão a cores trouxe novas possibilidades. Assistíamos a programas que moldaram nossa cultura, como "Praça da Alegria" e "Os Trapalhões". A televisão estava se tornando a janela para o mundo, e as conversas na sala giravam em torno do que tínhamos assistido. Agora, com o streaming, temos acesso a uma infinidade de conteúdos, mas muitas vezes perdemos a experiência compartilhada. Lembro-me das reuniões familiares em torno da TV, rindo e comentando cada cena; isso criou laços que ainda guardo com carinho.

E assim, ao longo das décadas, vivi a transição dos anos 50 até agora, atravessando dois milênios. Cada fase trouxe suas belezas e desafios. O desenvolvimento da tecnologia foi impressionante, mas o que realmente me alegra é a capacidade de adaptação. Vi o mundo se transformar, e com isso, aprendi a valorizar o que realmente importa: as conexões humanas.

Hoje, ao olhar para os jovens imersos em suas telas, sinto uma mistura de saudade e admiração. Eles navegam por um mundo que eu mal consigo imaginar, mas também me pergunto se percebem a beleza das pequenas coisas que, para nós, eram fundamentais. A simplicidade de uma conversa à mesa, o toque de uma carta escrita à mão, a espera pela chegada de um disco de vinil pelo correio.

Nos anos 60, a educação era marcada por um ensino rigidamente tradicional. As salas de aula eram organizadas em filas, e o método de ensino focava na memorização e repetição. O professor era visto como uma figura de autoridade, e a participação dos alunos era mínima. Em contraste, a educação atual valoriza a interação e a aprendizagem ativa. Hoje, há um foco maior no desenvolvimento de habilidades críticas e na inclusão, com o uso de tecnologia e metodologias inovadoras que estimulam a curiosidade e o trabalho em grupo.

Nos anos 50, a vida era marcada por papéis tradicionais. Mulheres eram, em sua maioria, donas de casa, dedicadas à família, enquanto os homens eram os provedores. O trabalho feminino fora do lar era visto como exceção, e as aspirações frequentemente limitadas às expectativas sociais. Com a revolução dos anos 60 e 70, as mulheres começaram a desafiar essas normas, ganhando voz lutando por direitos e reconhecimento. Nas últimas duas décadas, tanto mulheres quanto homens enfrentam uma nova realidade. A diversidade de papéis é mais aceita, e o diálogo sobre igualdade de gênero se intensificou. Mulheres são líderes em diversas áreas e homens se tornam mais envolvidos na vida familiar. A luta por igualdade e respeito ainda continua.

Os carros que rodavam nas ruas eram grandes e robustos, com designs icônicos e motores potentes. Os modelos clássicos eram símbolos de liberdade e aventura. Atualmente, os carros são mais eficientes, com tecnologia avançada, como sistemas de navegação, conectividade e motores híbridos. O foco tem mudado para a sustentabilidade e a segurança, refletindo as preocupações modernas.

As lanchonetes eram frequentemente lugares de encontro, com cardápios simples e pratos clássicos, como hambúrgueres e milkshakes. Eram espaços vibrantes, onde jovens se reuniam para socializar. Hoje, as lanchonetes oferecem uma diversidade impressionante de opções, incluindo comidas rápidas de várias partes do mundo, opções veganas e saudáveis, Mc Donald’s, King Burger, Donuts, etc. A experiência de comer fora evoluiu para incluir ambientes temáticos e experiências gastronômicas variadas.

O namoro tinha um caráter mais formal e conservador. As saídas eram planejadas, com o foco em jantares e danças. As interações eram mais diretas e muitas vezes supervisionadas. Atualmente, o namoro é muito mais informal e diversificado. As pessoas se conhecem através de aplicativos e redes sociais, e as dinâmicas de relacionamento são mais flexíveis, permitindo uma ampla variedade de experiências e formas de conexão.

Os parques de diversões eram lugares mágicos, com atrações simples, como carrosséis e montanhas-russas clássicas. A atmosfera era cheia de nostalgia, com jogos de feira e shows ao vivo, jogo de argolas para conseguir prêmios, algodão doce, churros, pipoca. Hoje, os parques de diversões são verdadeiros complexos de entretenimento, com tecnologia de ponta, montanhas-russas emocionantes e experiências imersivas, como simuladores e áreas temáticas. Embora as atrações modernas ofereçam uma adrenalina incrível, muitos ainda guardam boas lembranças das diversões simples de décadas passadas.

Viver era experimentar um mundo cheio de descobertas e simplicidade, enquanto hoje a vida é marcada pela tecnologia e pela diversidade. Ambas as épocas têm suas belezas e desafios, refletindo a evolução da sociedade e das relações humanas. Cada geração traz consigo suas próprias experiências, e é fascinante observar como tudo se transforma ao longo do tempo.

A alegria de ter vivido tanto é uma dádiva. Cada risada, cada lágrima, cada inovação e cada nostalgia me moldaram. E, enquanto o mundo avança, guardo em meu coração essas memórias, como um tesouro que não se pode comprar. Sou grato por ter feito parte de tantas eras, por ter testemunhado a evolução da vida e por saber que, apesar das mudanças, a essência humana permanece a mesma. E assim, sigo em frente, com um sorriso e muitas histórias para contar.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Foi amigo pessoal de literatos de renome (falecidos), como Artur da Távola, André Carneiro, Eunice Arruda, Izo Goldman, Ademar Macedo, e outros. Casado com uma escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Brasileira de Letras, Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria e Voo da Gralha Azul. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou mais de 500 e-books. Premiações em poesias no Brasil e exterior.

Fontes: 
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quinta-feira, 17 de abril de 2025

O Tempo e o Agora

O relógio marca a hora,
cada instante é um agora...
A vida não demora.


O relógio marca a hora, e, com cada tique-taque, somos lembrados de que a vida é feita de instantes. Em um mundo que parece acelerar a cada dia, é fácil nos perdermos na correria. Corremos para o trabalho, para compromissos, para a rotina que nos consome. Mas a poesia nos lembra: cada instante é um agora.

Quantas vezes deixamos de apreciar o que está diante de nós? O cheiro do café fresco pela manhã, o sorriso de um amigo, a luz do sol filtrando pelas folhas. Esses momentos, muitas vezes simples, são os que realmente compõem a tapeçaria da nossa existência. A vida não demora, mas é feita de sutilezas que muitas vezes passam despercebidas.

A verdade é que o tempo é um mestre implacável. Ele não espera. O que temos é este agora, e é nele que devemos encontrar significado. A vida não se mede apenas em grandes eventos, mas nas pequenas alegrias do dia a dia. Cada risada, cada conversa, cada instante vivido intensamente é um lembrete de que estamos aqui, presentes.

Vale a pena parar e refletir. O que estamos fazendo com nosso agora? Estamos realmente vivendo ou apenas existindo? O relógio continua a marcar as horas, e a vida não espera. Por isso, vamos aprender a valorizar cada momento, a respirar fundo e a sentir a beleza do presente.

No final, o que levará a nossa história não serão apenas os grandes feitos, mas as memórias construídas em cada agora. E assim, ao invés de correr, que possamos caminhar, apreciar, amar. A vida é breve, e o tempo, esse sempre fiel companheiro, nos mostra que o agora é tudo o que realmente temos.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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quarta-feira, 16 de abril de 2025

Fábula da Águia e o Passarinho

 
Havia um pequeno pássaro chamado Pipi, que tinha um canto lindo e único. Ele sonhava em ser ouvido por todo o mundo, mas não sabia como fazer isso.

Um dia, uma grande águia chamada Áquila, que era conhecida por sua sabedoria e generosidade, ouviu o canto de Pipi. 

Ela ficou impressionada com a beleza da sua voz e decidiu ajudá-lo a alcançar seu sonho.

Áquila levou Pipi para voar sobre as montanhas e vales, e apresentou-o a todos os animais que encontravam pelo caminho. Ela usou sua influência para que Pipi fosse convidado para cantar em todos os eventos importantes da região.

Pipi ficou famoso em pouco tempo, e todos os animais o admiravam. No entanto, à medida que sua fama crescia, Pipi começou a se esquecer de Áquila e de tudo o que ela havia feito por ele.

Ele começou a acreditar que seu sucesso era apenas mérito seu, e que Áquila não havia feito nada para ajudá-lo. Ele até começou a se comportar de forma arrogante e ingrata em relação à águia.

Um dia, Áquila se aproximou de Pipi e disse: "Pipi, você esqueceu de mim? Você esqueceu de tudo o que eu fiz por você? Eu estendi minha asa para você, e agora você me trata como se eu fosse nada?"

Pipi ficou envergonhado e percebeu seu erro. Ele pediu desculpas a Áquila e prometeu nunca mais esquecer dela e de tudo o que ela havia feito por ele.

Moral da fábula: 
A ingratidão é um veneno que pode destruir as relações e a própria alma. Devemos sempre lembrar e agradecer aqueles que nos ajudam e nos apoiam, pois sem eles, não estaríamos onde estamos hoje.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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segunda-feira, 14 de abril de 2025

A colisão da barbúrdia

 
Era um dia com muitas nuvens na cidade, e dois idosos José e Marlene estavam a caminho do mercado. José dirigia seu velho fusquinha, enquanto Marlene estava atrás do volante de seu karmann guia, um carro pequeno e brilhante. Ambos estavam ansiosos para comprar os ingredientes do almoço.

Enquanto se aproximavam de um cruzamento, José, distraído, tentava se lembrar de uma velha receita.

— Ah, eu preciso de batatas! — gritou ele para si mesmo, sem perceber que o semáforo estava vermelho.

Marlene, que estava prestes a virar à direita, viu José avançar. Ela tentou buzinar, mas o som do seu carro era mais como um "bipe" tímido.

— Olha o sinal! — gritou Marlene, mas era tarde demais.

BAM!

Os carros colidiram com um estrondo, e os dois motoristas ficaram paralisados por um momento, olhando um para o outro.

— José! O que foi que você fez? — exclamou Marlene, saindo do carro.

— Eu? Você que não olhou para os lados! — respondeu José, já saindo do fusquinha.

— Eu olhei, seu apressado! Você é que avançou o sinal! — Marlene bateu o pé, enquanto ajeitava o cabelo.

Os dois idosos começaram a discutir, levantando os braços e gesticulando como se estivessem no meio de uma apresentação teatral.

— Você deveria usar menos os ouvidos e mais o cérebro! — gritou José, apontando para Marlene.

— E você deveria usar mais os olhos e menos a boca! — retrucou ela, cruzando os braços.

As pessoas que passavam, começaram a parar para assistir à cena, algumas rindo, outras torcendo para que a discussão não terminasse em algo mais sério.

— Olha, gente! Um show de comédia grátis! — gritou um jovem, fazendo todos rirem.

— Calma, pessoal! Isso não é uma competição de quem grita mais alto! — comentou uma mulher idosa que passava.

Nesse momento, o guarda de trânsito Antunes, apareceu, com um ar de autoridade.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou, olhando para os dois motoristas.

— Esse senhor avançou o sinal! — disse Marlene, apontando para José.

— Eu não avancei nada! A senhora é que estava distraída! — José respondeu, indignado.

O guarda olhou de um para o outro, tentando entender a situação. 

— Então, vamos lá, quem estava certo aqui? — indagou o guarda Antunes, tentando apaziguar a situação com um sorriso.

— Eu estava certa! — gritou Marlene.

— E eu também! — José respondeu, cruzando os braços.

A confusão só aumentava. Os transeuntes começaram a opinar.

— Eu vi tudo! A Dona Marlene estava certa! — disse um homem que estava vendendo frutas.

— Não, não! O José é um bom motorista! — defendeu uma mulher.

— Eu estava lá! A Dona Marlene estava tão distraída com a maquiagem que nem viu o sinal! — gritou um adolescente.

— A maquiagem é essencial para a segurança no trânsito! — Marlene protestou, dando uma piscadela para o guarda.

— Isso é verdade! Um bom batom pode salvar vidas! — disse uma idosa que estava assistindo a cena.

— Espera aí! — disse o guarda, levantando as mãos. — Vamos esclarecer isso. Quem se machucou?

— Ninguém! — disseram os dois em uníssono.

— Então, por que tanta confusão? — perguntou o guarda.

— Porque ele não sabe dirigir! — apontou Marlene novamente.

— E porque ela não sabe parar de falar! — José retrucou.

A situação estava tão engraçada que as pessoas começaram a aplaudir, como se estivessem assistindo a uma peça de teatro.

— Olha, gente! A disputa dos campeões de trânsito! — gritou o vendedor de frutas, fazendo todo mundo rir mais.

O guarda, percebendo que a situação havia tomado um rumo cômico, decidiu intervir para encerrar a confusão.

— Vamos lá, pessoal. Que tal um acordo? — sugeriu. — Vocês dois vão para o mercado, compram suas comidas e depois se encontram para um café. Assim, resolvem tudo de forma civilizada.

Marlene e José se olharam, ainda um pouco irritados, mas a ideia começou a fazer sentido.

— O que você acha, José? — perguntou Marlene, suavizando o tom.

— Eu acho que um café não seria tão ruim assim... desde que você não fique falando do meu jeito de dirigir! — disse José, já se rendendo.

— E eu prometo não olhar para o lado enquanto você toma café! — riu Marlene.

Assim, os dois motoristas se dirigiram para seus carros, deixando o guarda e os espectadores aliviados e felizes com a resolução da confusão.

— Até a próxima trombada, amigos! — gritou um jovem, enquanto todos riam novamente.

E assim, José e Dona partiram, prometendo que a próxima vez que se encontrassem, seria em um lugar onde não houvesse semáforos, apenas café e boas risadas.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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O Ajudante Robô na Horta

Certa manhã, Dona Elda decidiu que era hora de modernizar a horta. Após ver um comercial sobre um robô ajudante, ela teve uma ideia. — Lelé,...