sexta-feira, 7 de março de 2025

Lealdade até o fim

Era uma manhã ensolarada em uma pequena cidade do interior, e o parque estava repleto de vida. Entre as árvores, um homem de meia-idade, Alexandre, caminhava com seu fiel Border Collie, Trovão. Eles eram inseparáveis; o homem havia adotado o cão há cinco anos, e desde então, eles compartilhavam cada momento de suas vidas.

Alexandre trabalhava em uma pequena loja de eletrônicos, e todas as manhãs, ele levava Max para o parque antes de ir ao trabalho. O cão adorava correr atrás das folhas que caíam e brincar com as crianças que passavam. A alegria de Trovão era contagiante, e muitos frequentadores do parque conheciam o cão pelo seu espírito brincalhão.

Com o passar dos anos, a saúde de Alexandre começou a fraquejar. Ele havia sido diagnosticado com uma doença grave, e suas idas ao parque tornaram-se menos frequentes. Max, no entanto, parecia entender que seu amigo precisava de apoio. Ele permanecia ao lado dele, oferecendo conforto e amor incondicional.

Certa manhã, Alexandre decidiu que, apesar de sua condição, iria ao parque mais uma vez. Ele vestiu seu casaco e chamou Trovão. O cão correu até ele, abanando o rabo com entusiasmo. Juntos, caminharam até o parque, onde Alexandre se sentou em um banco, admirando a beleza ao seu redor. Trovão correu ao seu redor, buscando folhas e brincando com quem passava.

No entanto, enquanto o sol começava a se pôr, Alexandre sentiu uma fraqueza repentina. Ele tentou se manter firme, mas a dor tomou conta de seu corpo. Trovão, percebendo a mudança, correu até ele, preocupado. Alexandre sorriu para o cão, tentando transmitir que estava tudo bem, mas em seu coração ele sabia que não era verdade.

Com um último gesto de amor, acariciou a cabeça de Trovão e sussurrou: "Eu sempre estarei com você, amigo." 

Em seguida, ele fechou os olhos, e um silêncio profundo tomou conta do parque. Trovão, ao perceber que algo estava errado, lambeu o rosto de seu dono, tentando acordá-lo. Mas ele não se mexeu mais.

As pessoas que estavam por perto rapidamente chamaram ajuda, mas não havia nada que pudesse ser feito. Alexandre havia partido. Trovão, em choque, ficou ao lado do corpo de seu amigo, relutante em se afastar. O mundo ao seu redor parecia ter perdido a cor.

As horas se passaram, e Trovão não se moveu. Ele ficou ali, ao lado de Alexandre, como se esperasse que ele acordasse a qualquer momento. 

Quando a tarde caía, um sentimento de tristeza profunda tomou conta do cão. Ele começou a uivar, cada som ecoando a dor de sua perda.

Naquela noite, enquanto a lua iluminava o parque, Trovão se deitou ao lado de Alexandre, e seus olhos se fecharam lentamente. O cão, leal até o fim, partiu em busca de seu amigo. A conexão entre os dois era tão forte que, mesmo na morte, parecia que seus espíritos estariam sempre juntos.

A notícia da morte de Alexandre e Trovão se espalhou rapidamente pela comunidade. Todos que conheciam o homem e seu fiel companheiro sentiram a dor da perda. Em um gesto de amor e respeito, os moradores do parque se uniram para homenageá-los. Eles prepararam um local especial onde os dois poderiam descansar juntos.

No dia do sepultamento, as pessoas trouxeram flores e lembranças. O pequeno cemitério no parque tornou-se um lugar de reflexão e amor. 

Alexandre e Trovão foram enterrados lado a lado, com uma placa que dizia: "A lealdade verdadeira nunca morre."

A história de Alexandre e Trovão se tornou uma lenda local, lembrando a todos sobre a profundidade da amizade entre um homem e seu cão. Mesmo após suas mortes, a memória deles continuou a brilhar, inspirando outros a valorizar os laços que formamos em vida e a lealdade que transcende até mesmo a morte.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

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