Era uma vez, em uma cidade tranquila, um homem chamado Leônidas. Desde jovem, tinha uma grande paixão por aprender. Ele adorava ler e estudar, sonhando em um dia se formar em uma grande universidade. No entanto, a vida não foi fácil para ele. Quando chegou a hora de entrar na faculdade, as dificuldades financeiras o obrigaram a abandonar seus estudos, deixando-o desolado.
Apesar das frustrações, nunca deixou de apoiar sua amiga Clara, por quem nutria um amor silencioso. Clara era brilhante e ambiciosa, e ele sempre a incentivou em seus estudos, ajudando-a a se preparar para exames e oferecendo palavras de encorajamento. Ela se formou, e mesmo depois, continuou seus estudos, chegando ao pós-doutorado.
Um dia, Clara, já uma acadêmica respeitada, ia para um encontro com seus amigos formados. Com entusiasmo, Leônidas falou que ele poderia ir junto.
Clara, sem perceber a dor que estava causando, disse: "Leo, eu não posso te levar. Meus amigos são todos formados, e você... bem, você não tem uma faculdade. Não seria apropriado."
Aquelas palavras feriram-no profundamente. Ele se sentiu pequeno e desolado. "Eu sempre a apoiei", pensou ele, "e agora sou desvalorizado por não ter um diploma." A sensação de impotência tomou conta dele, e ele se afastou, angustiado.
Em sua casa, se sentou em uma velha cadeira, cercado por livros que sempre foram seus companheiros. Ele se dedicou a estudar por conta própria, criou até um blog, mas a angústia e a frustração o acompanhavam. Mesmo com todo o conhecimento que adquiria, a desvalorização de Clara o deixava triste e solitário.
Os dias se transformaram em semanas, e ele se isolou ainda mais. A única companhia que lhe restava era sua fiel cachorra, Bela. A cadela o seguia por toda parte, sempre lhe dando amor e apoio incondicional. Ele se sentia grato por isso, mas a solidão o consumia.
Clara, por sua vez, continuou sua vida acadêmica, cercada por amigos formados. Nunca conseguiu aceitar o fato de que Leônidas não tinha um diploma, e isso criou um abismo entre eles. Ele, mesmo com suas conquistas pessoais, viveu angustiado, sentindo-se invisível e desvalorizado.
A cada dia, ele se sentava com Bela, lendo em voz alta, como se estivesse ensinando sua melhor amiga. A cadela ouvia atentamente, como se entendesse cada palavra. Ele percebeu que, mesmo sem reconhecimento, a paixão pelo aprendizado ainda ardia dentro dele.
Com o passar do tempo, decidiu que, mesmo sozinho, continuaria a buscar o conhecimento e a compartilhar o que aprendeu com Bela. Ele percebeu que a verdadeira valorização vinha de dentro, e que, embora Clara não reconhecesse seu valor, ele ainda tinha a capacidade de se erguer e encontrar alegria nas pequenas coisas.
Moral da História
A desvalorização e a angústia podem nos isolar, mas o verdadeiro valor do conhecimento não depende da aprovação dos outros. Mesmo em solidão, cultivar a paixão pelo aprendizado e o amor verdadeiro, como a de uma amiga leal, mesmo que seja uma cadela, pode nos trazer paz e satisfação.
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JOSÉ FELDMAN, poeta, trovador, escritor, professor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Morou na capital de São Paulo, em Taboão da Serra/SP, em Curitiba/PR, Ubiratã/PR, Maringá/PR. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul (com trovas do mundo). Assina seus escritos por Floresta/PR. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.
Publicações de sua autoria “Labirintos da vida” (crônicas e contos); “Peripécias de um Jornalista de Fofocas & outros contos” (humor); “35 trovadores em Preto & Branco” (análises); e “Canteiro de trovas”.. No prelo: “Pérgola de textos” (crônicas e contos) e “Asas da poesia”
Imagem criada com Microsoft Bing
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