segunda-feira, 28 de abril de 2025

Fábula do Lobo e do Caçador

Era uma vez, em uma floresta densa e vibrante, um lobo chamado Lúcio. Ele era conhecido por sua astúcia e habilidade em caçar. Lúcio sempre agia em grupo, confiando em sua matilha para sobreviver. Entre os membros da matilha, havia uma relação forte de lealdade e amizade.

Um dia, um caçador humano, chamado Marco, entrou na floresta em busca de presas. Ele era astuto e conhecia bem os hábitos dos animais. Ao avistar Lúcio e sua matilha, decidiu que precisava de uma estratégia para capturá-los. Ele se aproximou de Lúcio, disfarçando suas intenções.

"Olá, amigo lobo! Eu sou um viajante e conheço muitos segredos da floresta", disse Marco. "Se você me ajudar a encontrar comida, poderei compartilhar algumas iguarias que os humanos têm. Juntos, seremos mais fortes."

Lúcio, impressionado com a oferta, sentiu-se lisonjeado. Ele nunca havia pensado que um humano poderia ser útil. 

"Muito bem, posso ajudá-lo", respondeu o lobo, sem suspeitar das verdades ocultas nas palavras de Marco.

Assim, Lúcio começou a levar Marco até os locais onde a matilha costumava caçar. Eles se tornaram amigos, e Marco parecia cada vez mais confiável. No entanto, a amizade entre eles era construída sobre uma base de traição. Marco, em segredo, observava a matilha e planejava capturá-los.

Certa manhã, Marco teve uma ideia. Ele se aproximou de Lúcio e disse: "Se você me ajudar a pegar um dos filhotes da matilha, poderei garantir que você tenha uma refeição farta todos os dias. E assim, você se tornará o lobo mais forte da floresta!"

Lúcio, seduzido pela promessa de poder e comida, concordou. Ele não percebeu que estava sendo usado. 

Naquela noite, enquanto a matilha dormia, Marco armou uma armadilha para capturar os filhotes, e Lúcio, sem pensar, guiou-o até eles.

Quando a armadilha se fechou, os filhotes gritaram, e Lúcio finalmente percebeu que havia sido traído. Marco, em vez de ajudar, riu e disse: "Você realmente achou que poderia confiar em mim? Eu sou um caçador, e você, um animal. Agora, você perdeu sua matilha por causa da sua ambição!"

Desesperado, Lúcio tentou libertar os filhotes, mas era tarde demais. O caçador fugiu com os pequenos, e Lúcio ficou sozinho, consumido pela culpa. Ele havia traído a confiança de sua matilha em busca de poder e comida, e agora pagava o preço.

Com o tempo, Lúcio aprendeu a lição. Ele se afastou dos humanos e passou a valorizar a lealdade de sua matilha. Juntos, eles enfrentaram os desafios da floresta, entendendo que a verdadeira força vem da união e da confiança mútua.

Moral da História

A traição pode trazer ganhos momentâneos, mas os laços de amizade e lealdade são as verdadeiras riquezas que sustentam a vida. Desprezar a confiança dos outros pode levar à solidão e à dor.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

sábado, 26 de abril de 2025

Fábula do Leão e da Raposa


Era uma vez, em uma vasta savana, um leão majestoso chamado Leon. Ele era o rei da selva, respeitado por sua força e coragem. No entanto, Leon tinha um temperamento explosivo e se deixava levar facilmente pela raiva. Qualquer desavença ou desobediência o deixava furioso.

Em uma manhã ensolarada, enquanto Leon descansava sob uma árvore, uma raposa chamada Rina passou por perto. Ela era conhecida por sua astúcia e inteligência, mas também por sua curiosidade. Ao ver o leão dormindo, ela decidiu se aproximar, mas inadvertidamente pisou em seu pé.

Leon acordou com um rugido estrondoso. "Quem ousa me incomodar?" gritou, olhando para a pequena raposa. A raiva tomou conta dele, e ele se preparou para atacar.

Rina, assustada, tentou explicar: "Desculpe, Rei Leon! Foi um acidente! Eu não queria te machucar!"

Mas Leon, consumido pela raiva, não ouviu suas palavras. "Você deve pagar por isso!", rosnou ele, enquanto a raposa tentava escapar.

Desesperada, Rina correu pela savana, e Leon a seguiu, cego pela fúria. A raposa, ágil e esperta, conseguiu se esconder em um buraco de árvore. Leon, frustrado, ficou rugindo do lado de fora, mas não conseguiu alcançá-la.

Após algum tempo, a raiva começou a se dissipar. Leon percebeu que estava se destruindo por causa de um pequeno incidente. Ele se afastou, cansado e envergonhado de sua própria explosão de raiva.

Enquanto isso, Rina, ainda escondida, refletia sobre o que havia acontecido. Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de reconciliar-se com o leão. Então, teve uma ideia.

No dia seguinte, Rina fez uma pequena armadilha de ervas e flores, e, ao se aproximar da clareira onde Leon costumava ficar, deixou a armadilha armada. Quando Leon apareceu, sentiu o cheiro doce e se aproximou curioso.

"Olá, Rei Leon!", disse Rina, saindo de seu esconderijo. "Eu trouxe um presente para você. Espero que aceite como um sinal de paz."

Leon, intrigado, olhou para a armadilha e viu que era um presente de boa intenção. Ele lembrou-se de sua raiva e de como quase havia machucado uma amiga inocente. Com um suspiro profundo, decidiu que precisava aprender a controlar suas emoções.

"Obrigado, Rina. Eu agi de forma imprudente", disse Leon, com sinceridade. "A raiva me cega, e eu não quero ser um rei que governa com medo."

A raposa sorriu, aliviada. "Todos temos nossas fraquezas, Leon. O importante é aprender com elas e buscar a compreensão."

A partir daquele dia, Leon trabalhou para controlar sua raiva. Ele se tornou um líder mais sábio e justo, e a amizade entre ele e Rina floresceu. Juntos, eles ensinaram os outros animais sobre a importância de manter a calma e resolver conflitos com compreensão.

Moral da História

A raiva pode nos cegar e nos levar a cometer erros, mas o verdadeiro poder está em aprender a controlar nossas emoções e buscar a paz. A compreensão e a amizade são sempre mais fortes que a fúria.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Fábula da Águia e do Lobo

Era uma vez, em uma vasta floresta, uma águia majestosa que voava alto nos céus. Seu voo elegante e sua plumagem brilhante a tornavam a rainha do céu. Todos os animais a admiravam por sua beleza e graça. A águia, com seus olhos afiados, caçava com destreza e se orgulhava de ser a mais poderosa das aves.

Em uma parte mais baixa da floresta, habitava um lobo astuto. Ele era forte e veloz, mas sempre olhava para cima, invejando a liberdade e a beleza da águia. O lobo frequentemente se queixava para os outros animais: "Por que a águia tem que ser tão especial? Por que ela pode voar enquanto eu fico preso ao chão?"

Os animais tentavam acalmá-lo, mas a inveja do lobo só crescia. Um dia, ele decidiu que não poderia suportar mais essa situação. “Se eu não posso voar como a águia, talvez eu possa fazer algo para que ela caia e me admire”, pensou o lobo.

E assim, começou a planejar. Ele se aproximou de uma árvore alta, onde a águia costumava pousar. O lobo começou a espalhar rumores entre os outros animais, dizendo que a águia era arrogante e que seu voo a tornava distante e desinteressada. "Por que devemos admirar alguém que se acha superior?" ele dizia.

Os animais, influenciados pelas palavras do lobo, começaram a olhar para a águia com desconfiança. A águia, percebendo a mudança na atitude dos outros, se sentiu triste, mas decidiu continuar vivendo sua vida, confiando em seu valor.

O lobo, satisfeito com o que havia feito, pensou que agora seria o momento perfeito para agir. Ele se escondeu sob a árvore e esperou a águia pousar. Quando a águia desceu para descansar, o lobo saltou em direção a ela, com a intenção de atacá-la.

Mas a águia, com sua visão aguçada, percebeu a movimentação e, antes que o lobo pudesse chegar perto, alçou voo novamente, pairando no ar e olhando para baixo. "Por que você me inveja, lobo?" perguntou a águia. "Eu não sou seu inimigo."

O lobo, frustrado, gritou: "Você não entende! Você possui tudo! A beleza, o poder, a liberdade! Eu só queria ser como você!"

A águia, com compaixão, respondeu: "Cada um tem suas próprias qualidades. Eu sou feita para voar, mas você é forte e ágil no chão. Em vez de me invejar, por que não usa suas habilidades para se destacar?"

O lobo ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras da águia. Ele percebeu que sua inveja o havia cegado para suas próprias qualidades. A águia, com seu olhar gentil, continuou: "A inveja só traz tristeza. Se você usar sua força para ajudar os outros, encontrará respeito e amizade."

Finalmente, o lobo entendeu. Ele se desculpou com a águia e decidiu usar sua agilidade para proteger os animais menores da floresta. Com o tempo, ganhou respeito e se tornou um guardião da floresta, admirado por sua bravura e lealdade.

Moral da História

A inveja cega e corrói, mas reconhecer e valorizar nossas próprias qualidades traz verdadeira felicidade e respeito.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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sexta-feira, 18 de abril de 2025

Plantando Sorrisos

Risos em cada canto
são momentos que eu planto...
Nosso laço é o encanto.

Em um dia ensolarado, sentei-me em um café à beira da praça e observei o movimento ao meu redor. Risos em cada canto, como flores que brotam em meio ao concreto, eram o cenário perfeito para refletir sobre as pequenas alegrias da vida. Cada risada era um eco de momentos compartilhados, um lembrete de que a felicidade se espalha quando estamos abertos a ela.

A vida é feita de encontros e desencontros. A cada sorriso que encontramos, plantamos uma semente de afeto. São esses momentos que cultivamos que fortalecem nossos laços. Lembrei-me de tardes em que amigos se reuniam em volta de uma mesa, conversas fluindo como um bom vinho, risadas preenchendo o ar. Esses instantes, simples e genuínos, são o verdadeiro encanto da vida.

Nosso laço é o encanto. Quando estamos rodeados de pessoas que amamos, cada risada se torna uma memória, um tesouro guardado no coração. É um fio invisível que nos une, que nos faz sentir que, apesar das adversidades, temos um ao outro. Assim, aprendemos que a felicidade não é um destino, mas uma jornada que fazemos juntos, risada a risada.

Enquanto observava aquela cena cotidiana, percebi que a vida é um grande jardim. E nós somos os jardineiros, responsáveis por cultivar sorrisos e momentos. Cada interação é uma oportunidade de semear alegria, de regar o amor e de colher gratidão. Muitas vezes, não precisamos de grandes feitos ou de eventos extraordinários; às vezes, um simples "como você está?" pode florescer em uma amizade duradoura.

Ao final daquele dia, deixei o café com o coração leve. As risadas que ouvi foram como promessas de que o melhor da vida está nas relações que construímos. Cada momento que plantamos se transforma em um laço forte e encantador, que nos acompanha nas alegrias e nas dificuldades.

E assim, continuamos a caminhar, sempre em busca de mais sorrisos para semear, pois, afinal, são esses momentos que tornam nossa existência verdadeiramente rica e significativa.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem obtida com Microsoft Bing.

A alegria de viver sete décadas

 
Nasci nos anos 50, no século passado, em um mundo que respirava esperança e transformação. A infância foi marcada por tardes ensolaradas, brincadeiras na rua e um aroma inconfundível de comida caseira que pairava no ar. Era uma época em que o tempo parecia se arrastar, mas, de certa forma, era também um tempo privilegiado, repleto de descobertas. 

Ser criança nas últimas quatro décadas do século passado era viver em um mundo de descobertas simples e brincadeiras ao ar livre. Nos anos 60 e 70, as ruas eram os playgrounds. Crianças jogavam bola, andavam de bicicleta e se reuniam para brincar de esconde-esconde até o sol se pôr. Os brinquedos eram feitos de plástico e madeira, e a imaginação corria solta com bonecas, carrinhos e jogos de tabuleiro.

As tardes eram preenchidas com programas de TV, mas a tela era apenas uma parte do entretenimento. A interação social era vibrante, com amigos se reunindo para aventuras, criando histórias e laços que muitas vezes duravam a vida inteira.

Hoje, na última década, a infância é marcada pela tecnologia. Tablets e smartphones tornaram-se os novos brinquedos, e as crianças muitas vezes preferem jogos virtuais a brincadeiras ao ar livre. As redes sociais estão moldando novas formas de interação, mas muitas vezes à custa da desconexão física. Embora os brinquedos modernos sejam incríveis, muitos sentem falta da simplicidade e da criatividade dos brinquedos daquela época.

Lembro-me do primeiro telefone que vi: um aparelho de disco, com um som característico quando girávamos os números. Era uma conquista para a família, uma forma de nos conectarmos com o mundo. Hoje, ao olhar para os smartphones que todos carregam, fico impressionado com a velocidade com que as informações circulam. Naquela época, uma ligação era um evento, um contato especial. Agora, trocamos mensagens em segundos, mas a magia do “disca e espera” se perdeu.

Nos anos 60, a revolução cultural começou a tomar forma. O rock'n'roll invadiu nossas vidas, e os discos de vinil giravam nas picapes, criando trilhas sonoras para nossas histórias. As festas eram regadas a música e dança, enquanto hoje os jovens têm acesso a milhares de playlists com um toque no celular. A nostalgia do vinil, com seu chiado característico e a emoção de virar o disco, é algo que não se compara à música digital, que, apesar de prática, muitas vezes carece daquela autenticidade.

Os anos 70 trouxeram mudanças ainda mais drásticas. A invenção do mimeógrafo nos permitiu democratizar a informação nas escolas e nos grupos comunitários. Ah, como era emocionante ver as folhas saindo, ainda com aquele cheiro de tinta fresca! Hoje, a impressão é instantânea, mas a sensação de ver algo feito à mão, de esperar a tinta secar, parecia conectar as pessoas de um jeito especial. Cada cópia era única, uma obra de arte coletiva.

Na década de 80, a explosão da televisão a cores trouxe novas possibilidades. Assistíamos a programas que moldaram nossa cultura, como "Praça da Alegria" e "Os Trapalhões". A televisão estava se tornando a janela para o mundo, e as conversas na sala giravam em torno do que tínhamos assistido. Agora, com o streaming, temos acesso a uma infinidade de conteúdos, mas muitas vezes perdemos a experiência compartilhada. Lembro-me das reuniões familiares em torno da TV, rindo e comentando cada cena; isso criou laços que ainda guardo com carinho.

E assim, ao longo das décadas, vivi a transição dos anos 50 até agora, atravessando dois milênios. Cada fase trouxe suas belezas e desafios. O desenvolvimento da tecnologia foi impressionante, mas o que realmente me alegra é a capacidade de adaptação. Vi o mundo se transformar, e com isso, aprendi a valorizar o que realmente importa: as conexões humanas.

Hoje, ao olhar para os jovens imersos em suas telas, sinto uma mistura de saudade e admiração. Eles navegam por um mundo que eu mal consigo imaginar, mas também me pergunto se percebem a beleza das pequenas coisas que, para nós, eram fundamentais. A simplicidade de uma conversa à mesa, o toque de uma carta escrita à mão, a espera pela chegada de um disco de vinil pelo correio.

Nos anos 60, a educação era marcada por um ensino rigidamente tradicional. As salas de aula eram organizadas em filas, e o método de ensino focava na memorização e repetição. O professor era visto como uma figura de autoridade, e a participação dos alunos era mínima. Em contraste, a educação atual valoriza a interação e a aprendizagem ativa. Hoje, há um foco maior no desenvolvimento de habilidades críticas e na inclusão, com o uso de tecnologia e metodologias inovadoras que estimulam a curiosidade e o trabalho em grupo.

Nos anos 50, a vida era marcada por papéis tradicionais. Mulheres eram, em sua maioria, donas de casa, dedicadas à família, enquanto os homens eram os provedores. O trabalho feminino fora do lar era visto como exceção, e as aspirações frequentemente limitadas às expectativas sociais. Com a revolução dos anos 60 e 70, as mulheres começaram a desafiar essas normas, ganhando voz lutando por direitos e reconhecimento. Nas últimas duas décadas, tanto mulheres quanto homens enfrentam uma nova realidade. A diversidade de papéis é mais aceita, e o diálogo sobre igualdade de gênero se intensificou. Mulheres são líderes em diversas áreas e homens se tornam mais envolvidos na vida familiar. A luta por igualdade e respeito ainda continua.

Os carros que rodavam nas ruas eram grandes e robustos, com designs icônicos e motores potentes. Os modelos clássicos eram símbolos de liberdade e aventura. Atualmente, os carros são mais eficientes, com tecnologia avançada, como sistemas de navegação, conectividade e motores híbridos. O foco tem mudado para a sustentabilidade e a segurança, refletindo as preocupações modernas.

As lanchonetes eram frequentemente lugares de encontro, com cardápios simples e pratos clássicos, como hambúrgueres e milkshakes. Eram espaços vibrantes, onde jovens se reuniam para socializar. Hoje, as lanchonetes oferecem uma diversidade impressionante de opções, incluindo comidas rápidas de várias partes do mundo, opções veganas e saudáveis, Mc Donald’s, King Burger, Donuts, etc. A experiência de comer fora evoluiu para incluir ambientes temáticos e experiências gastronômicas variadas.

O namoro tinha um caráter mais formal e conservador. As saídas eram planejadas, com o foco em jantares e danças. As interações eram mais diretas e muitas vezes supervisionadas. Atualmente, o namoro é muito mais informal e diversificado. As pessoas se conhecem através de aplicativos e redes sociais, e as dinâmicas de relacionamento são mais flexíveis, permitindo uma ampla variedade de experiências e formas de conexão.

Os parques de diversões eram lugares mágicos, com atrações simples, como carrosséis e montanhas-russas clássicas. A atmosfera era cheia de nostalgia, com jogos de feira e shows ao vivo, jogo de argolas para conseguir prêmios, algodão doce, churros, pipoca. Hoje, os parques de diversões são verdadeiros complexos de entretenimento, com tecnologia de ponta, montanhas-russas emocionantes e experiências imersivas, como simuladores e áreas temáticas. Embora as atrações modernas ofereçam uma adrenalina incrível, muitos ainda guardam boas lembranças das diversões simples de décadas passadas.

Viver era experimentar um mundo cheio de descobertas e simplicidade, enquanto hoje a vida é marcada pela tecnologia e pela diversidade. Ambas as épocas têm suas belezas e desafios, refletindo a evolução da sociedade e das relações humanas. Cada geração traz consigo suas próprias experiências, e é fascinante observar como tudo se transforma ao longo do tempo.

A alegria de ter vivido tanto é uma dádiva. Cada risada, cada lágrima, cada inovação e cada nostalgia me moldaram. E, enquanto o mundo avança, guardo em meu coração essas memórias, como um tesouro que não se pode comprar. Sou grato por ter feito parte de tantas eras, por ter testemunhado a evolução da vida e por saber que, apesar das mudanças, a essência humana permanece a mesma. E assim, sigo em frente, com um sorriso e muitas histórias para contar.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Foi amigo pessoal de literatos de renome (falecidos), como Artur da Távola, André Carneiro, Eunice Arruda, Izo Goldman, Ademar Macedo, e outros. Casado com uma escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Brasileira de Letras, Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria e Voo da Gralha Azul. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou mais de 500 e-books. Premiações em poesias no Brasil e exterior.

Fontes: 
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

quinta-feira, 17 de abril de 2025

O Tempo e o Agora

O relógio marca a hora,
cada instante é um agora...
A vida não demora.


O relógio marca a hora, e, com cada tique-taque, somos lembrados de que a vida é feita de instantes. Em um mundo que parece acelerar a cada dia, é fácil nos perdermos na correria. Corremos para o trabalho, para compromissos, para a rotina que nos consome. Mas a poesia nos lembra: cada instante é um agora.

Quantas vezes deixamos de apreciar o que está diante de nós? O cheiro do café fresco pela manhã, o sorriso de um amigo, a luz do sol filtrando pelas folhas. Esses momentos, muitas vezes simples, são os que realmente compõem a tapeçaria da nossa existência. A vida não demora, mas é feita de sutilezas que muitas vezes passam despercebidas.

A verdade é que o tempo é um mestre implacável. Ele não espera. O que temos é este agora, e é nele que devemos encontrar significado. A vida não se mede apenas em grandes eventos, mas nas pequenas alegrias do dia a dia. Cada risada, cada conversa, cada instante vivido intensamente é um lembrete de que estamos aqui, presentes.

Vale a pena parar e refletir. O que estamos fazendo com nosso agora? Estamos realmente vivendo ou apenas existindo? O relógio continua a marcar as horas, e a vida não espera. Por isso, vamos aprender a valorizar cada momento, a respirar fundo e a sentir a beleza do presente.

No final, o que levará a nossa história não serão apenas os grandes feitos, mas as memórias construídas em cada agora. E assim, ao invés de correr, que possamos caminhar, apreciar, amar. A vida é breve, e o tempo, esse sempre fiel companheiro, nos mostra que o agora é tudo o que realmente temos.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada com Microsoft Bing

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Fábula da Águia e o Passarinho

 
Havia um pequeno pássaro chamado Pipi, que tinha um canto lindo e único. Ele sonhava em ser ouvido por todo o mundo, mas não sabia como fazer isso.

Um dia, uma grande águia chamada Áquila, que era conhecida por sua sabedoria e generosidade, ouviu o canto de Pipi. 

Ela ficou impressionada com a beleza da sua voz e decidiu ajudá-lo a alcançar seu sonho.

Áquila levou Pipi para voar sobre as montanhas e vales, e apresentou-o a todos os animais que encontravam pelo caminho. Ela usou sua influência para que Pipi fosse convidado para cantar em todos os eventos importantes da região.

Pipi ficou famoso em pouco tempo, e todos os animais o admiravam. No entanto, à medida que sua fama crescia, Pipi começou a se esquecer de Áquila e de tudo o que ela havia feito por ele.

Ele começou a acreditar que seu sucesso era apenas mérito seu, e que Áquila não havia feito nada para ajudá-lo. Ele até começou a se comportar de forma arrogante e ingrata em relação à águia.

Um dia, Áquila se aproximou de Pipi e disse: "Pipi, você esqueceu de mim? Você esqueceu de tudo o que eu fiz por você? Eu estendi minha asa para você, e agora você me trata como se eu fosse nada?"

Pipi ficou envergonhado e percebeu seu erro. Ele pediu desculpas a Áquila e prometeu nunca mais esquecer dela e de tudo o que ela havia feito por ele.

Moral da fábula: 
A ingratidão é um veneno que pode destruir as relações e a própria alma. Devemos sempre lembrar e agradecer aqueles que nos ajudam e nos apoiam, pois sem eles, não estaríamos onde estamos hoje.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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segunda-feira, 14 de abril de 2025

A colisão da barbúrdia

 
Era um dia com muitas nuvens na cidade, e dois idosos José e Marlene estavam a caminho do mercado. José dirigia seu velho fusquinha, enquanto Marlene estava atrás do volante de seu karmann guia, um carro pequeno e brilhante. Ambos estavam ansiosos para comprar os ingredientes do almoço.

Enquanto se aproximavam de um cruzamento, José, distraído, tentava se lembrar de uma velha receita.

— Ah, eu preciso de batatas! — gritou ele para si mesmo, sem perceber que o semáforo estava vermelho.

Marlene, que estava prestes a virar à direita, viu José avançar. Ela tentou buzinar, mas o som do seu carro era mais como um "bipe" tímido.

— Olha o sinal! — gritou Marlene, mas era tarde demais.

BAM!

Os carros colidiram com um estrondo, e os dois motoristas ficaram paralisados por um momento, olhando um para o outro.

— José! O que foi que você fez? — exclamou Marlene, saindo do carro.

— Eu? Você que não olhou para os lados! — respondeu José, já saindo do fusquinha.

— Eu olhei, seu apressado! Você é que avançou o sinal! — Marlene bateu o pé, enquanto ajeitava o cabelo.

Os dois idosos começaram a discutir, levantando os braços e gesticulando como se estivessem no meio de uma apresentação teatral.

— Você deveria usar menos os ouvidos e mais o cérebro! — gritou José, apontando para Marlene.

— E você deveria usar mais os olhos e menos a boca! — retrucou ela, cruzando os braços.

As pessoas que passavam, começaram a parar para assistir à cena, algumas rindo, outras torcendo para que a discussão não terminasse em algo mais sério.

— Olha, gente! Um show de comédia grátis! — gritou um jovem, fazendo todos rirem.

— Calma, pessoal! Isso não é uma competição de quem grita mais alto! — comentou uma mulher idosa que passava.

Nesse momento, o guarda de trânsito Antunes, apareceu, com um ar de autoridade.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou, olhando para os dois motoristas.

— Esse senhor avançou o sinal! — disse Marlene, apontando para José.

— Eu não avancei nada! A senhora é que estava distraída! — José respondeu, indignado.

O guarda olhou de um para o outro, tentando entender a situação. 

— Então, vamos lá, quem estava certo aqui? — indagou o guarda Antunes, tentando apaziguar a situação com um sorriso.

— Eu estava certa! — gritou Marlene.

— E eu também! — José respondeu, cruzando os braços.

A confusão só aumentava. Os transeuntes começaram a opinar.

— Eu vi tudo! A Dona Marlene estava certa! — disse um homem que estava vendendo frutas.

— Não, não! O José é um bom motorista! — defendeu uma mulher.

— Eu estava lá! A Dona Marlene estava tão distraída com a maquiagem que nem viu o sinal! — gritou um adolescente.

— A maquiagem é essencial para a segurança no trânsito! — Marlene protestou, dando uma piscadela para o guarda.

— Isso é verdade! Um bom batom pode salvar vidas! — disse uma idosa que estava assistindo a cena.

— Espera aí! — disse o guarda, levantando as mãos. — Vamos esclarecer isso. Quem se machucou?

— Ninguém! — disseram os dois em uníssono.

— Então, por que tanta confusão? — perguntou o guarda.

— Porque ele não sabe dirigir! — apontou Marlene novamente.

— E porque ela não sabe parar de falar! — José retrucou.

A situação estava tão engraçada que as pessoas começaram a aplaudir, como se estivessem assistindo a uma peça de teatro.

— Olha, gente! A disputa dos campeões de trânsito! — gritou o vendedor de frutas, fazendo todo mundo rir mais.

O guarda, percebendo que a situação havia tomado um rumo cômico, decidiu intervir para encerrar a confusão.

— Vamos lá, pessoal. Que tal um acordo? — sugeriu. — Vocês dois vão para o mercado, compram suas comidas e depois se encontram para um café. Assim, resolvem tudo de forma civilizada.

Marlene e José se olharam, ainda um pouco irritados, mas a ideia começou a fazer sentido.

— O que você acha, José? — perguntou Marlene, suavizando o tom.

— Eu acho que um café não seria tão ruim assim... desde que você não fique falando do meu jeito de dirigir! — disse José, já se rendendo.

— E eu prometo não olhar para o lado enquanto você toma café! — riu Marlene.

Assim, os dois motoristas se dirigiram para seus carros, deixando o guarda e os espectadores aliviados e felizes com a resolução da confusão.

— Até a próxima trombada, amigos! — gritou um jovem, enquanto todos riam novamente.

E assim, José e Dona partiram, prometendo que a próxima vez que se encontrassem, seria em um lugar onde não houvesse semáforos, apenas café e boas risadas.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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domingo, 13 de abril de 2025

Dilema da sopa no quartel

 

Era uma manhã ensolarada no quartel do Exército da Vila Militar. O soldado Carlos, um jovem sempre alegre, mas que às vezes exagerava, estava se recuperando de uma leve gripe. Ele havia contatado sua mãe, Dona Edna, e comentou que não estava se sentindo bem. Preocupada, ela decidiu preparar seu famoso prato de sopa de galinha e foi direto para o quartel.

— Vou levar a sopa do meu menino! — disse Dona Edna, com um sorriso no rosto e o prato bem embrulhado em suas mãos.

Ao chegar na entrada do quartel, ela foi recebida por um soldado de plantão.

— Bom dia, senhora! O que deseja? — perguntou ele, firme.

— Bom dia! Eu sou a mãe do soldado Carlos e trouxe uma sopa para ele! — respondeu Dona Edna, com entusiasmo.

— Desculpe, senhora, mas não posso deixar você entrar! — disse o soldado, com um ar sério.

— Mas é só uma sopa! Ele não está se sentindo bem! — insistiu Dona Edna, já começando a se preocupar.

— Senhora, não posso fazer exceções. É contra as regras. — respondeu o soldado, sem mudar a expressão.

Nesse momento, o sargento Almeida passou e ouviu a conversa.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou, franzindo a testa.

— Sargento, essa senhora quer entrar com uma sopa para o soldado Carlos — explicou o soldado, apontando para Dona Edna.

— A senhora não pode entrar — disse o sargento, tentando ser firme. 

— Mas eu sou a mãe dele e estou preocupada! — Dona Edna começou a gesticular. — Ele precisa de carinho, de uma sopa quentinha!

— Senhora, eu entendo, mas regras são regras — insistiu o sargento.

Dona Edna, já irritada, decidiu que não ia se deixar abater.

— Olha aqui, meu filho está doente! Eu não vou embora sem ver o Carlos! — disse ela, cruzando os braços.

Nesse momento, o capitão Ferreira apareceu, ouvindo o barulho.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou ele, com um ar de autoridade.

— Capitão! Esta senhora quer entrar com uma sopa! — disse o sargento, gesticulando para Dona Edna.

— Sopa? Isso é sério? — perguntou o capitão, olhando para Dona Edna. — Senhora, não podemos permitir isso. Se cada mãe trouxer sopa, vai ser uma bagunça.

— Mas é só uma sopa! — gritou Dona Edna, já começando a perder a paciência.

— Isso é uma questão de disciplina! — interveio o major Souza, que agora se juntara ao grupo.

— Disciplina? Olha, eu só quero ver meu filho e dar a ele essa sopa! — Dona Edna estava quase em lágrimas.

— Senhora, se a senhora entrar, não vai ser só a sopa. Vai ter que trazer um banquete! — disse o major, tentando manter a situação sob controle.

Dona Edna estava prestes a explodir quando Carlos decidiu intervir.

— Mãe! Eu estou aqui! Posso vê-la? — gritou ele, saindo da sala.

— Carlos! — exclamou Dona Edna, aliviada ao ver o filho.

— O que está acontecendo? — perguntou Carlos, percebendo a confusão.

— Eu só queria trazer a sua sopa! — disse Dona Edna, com a voz embargada.

— É só isso? — Carlos olhou para os oficiais, que estavam todos com expressões de cansaço da situação embaraçosa.

— Sim, e todos esses senhores não me deixam entrar! — disse Dona Edna, apontando para o sargento, o capitão e o major.

— Olha, mãe, eu aprecio sua preocupação, mas... — começou Carlos, mas foi interrompido.

— Você não pode ficar doente! — disse Dona Edna, já entrando na conversa. — Você precisa de sopa, carinho e descanso!

— E você precisa aprender a seguir as regras! — disse o major, tentando manter a ordem.

Nesse momento, Dona Edna virou-se para o major.

— E quem disse que a sopa não é uma regra? É uma regra da boa alimentação! — ela retrucou, com uma expressão determinada.

Os oficiais estavam tão cansados da discussão que começaram a olhar uns para os outros, sem saber o que fazer.

— Olhem, vamos resolver isso de uma vez por todas! — disse o capitão, já exasperado. — Carlos, você pode sair com sua mãe e levar a sopa para casa. Assim, a senhora pode cuidar de você.

— É isso mesmo! — exclamou Dona Edna, com um sorriso triunfante. — Vamos, meu filho!

— Mas, e quanto à disciplina? — perguntou o sargento, confuso.

— A disciplina pode esperar! — disse o major, já perdendo a paciência. — Todo mundo aqui já teve mãe! Deixe o soldado ir!

Carlos, aliviado, pegou a sopa de sua mãe e saiu do quartel, seguido por ela, que estava radiante.

— Obrigada, senhores! — ela gritou, enquanto se afastava. — E lembrem-se: sopa é amor!

Os oficiais, exaustos, começaram a rir da situação.

— Nunca mais vou subestimar o poder de uma mãe — disse o capitão, balançando a cabeça.

E assim, o soldado Carlos e sua mãe foram para casa, deixando para trás um quartel que nunca mais esqueceria aquela "sopa".

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

sábado, 12 de abril de 2025

O livro mais chato do mundo

Era uma vez um escritor chamado Joaquim que sonhava em publicar seu grande romance. Ele passava horas em seu pequeno escritório, cercado por pilhas de papéis e canecas de café esfriando. A ideia era brilhante: um livro repleto de histórias sobre a vida de formigas, suas rotinas diárias e os desafios de encontrar migalhas. Joaquim estava convencido de que seu livro seria um sucesso.

Após meses de trabalho árduo, Joaquim enviou seu manuscrito para várias editoras. No entanto, as respostas foram desanimadoras. Uma editora até escreveu: “Agradecemos, mas suas histórias sobre formigas são... bem... formigáveis.” 

Ele ficou chateado, mas não desanimou. Ele acreditava que um dia alguém veria a genialidade de seu trabalho.

Finalmente, um dia, Joaquim recebeu uma notícia que o deixou radiante. Ele correu para o bar onde seus amigos costumavam se reunir e, com um sorriso de orelha a orelha, anunciou:

— Pessoal! Tenho uma novidade incrível! Recebi um pagamento por meu livro! 

Os amigos pararam de conversar e olharam para ele com curiosidade.

— Uau! Que legal, Joaquim! — disse Pedro, um dos amigos. — Finalmente, alguém reconheceu seu talento!

— Qual editora finalmente decidiu publicar seu trabalho? — perguntou Maria, entusiasmada.

— A Editora Formiguinha! Eles disseram que meu livro está prestes a ser lançado! — exclamou Joaquim, batendo palmas de alegria.

Os amigos começaram a aplaudir e a brindar em sua homenagem.

— Às formigas! — gritaram, rindo.

No entanto, Joaquim, ainda em seu estado de euforia, não percebeu que havia uma pequena sombra de dúvida pairando sobre a mesa.

— Isso é ótimo, mas como você conseguiu um pagamento antes mesmo do lançamento? — perguntou Carlos, franzindo a testa.

Joaquim, um pouco desconcertado, explicou que havia enviado o manuscrito há meses e que, por algum motivo, a editora decidiu pagar adiantado. Ele estava tão feliz que não via a necessidade de esclarecer mais.

Os amigos, animados, começaram a fazer planos para uma grande festa de lançamento. Joaquim estava nas nuvens, sonhando com o sucesso e as vendas. 

No entanto, quando a empolgação começou a se acalmar, uma dúvida surgiu na mente de Joaquim.

— Espera um pouco... — ele pensou. — Como seria possível receber um pagamento sem ter um contrato assinado?

Com isso, decidiu entrar em contato com a editora. Após várias tentativas, finalmente conseguiu falar com alguém.

— Olá, aqui é Joaquim, o autor de “As Aventuras das Formigas”. Eu recebi um pagamento, mas não estou certo sobre o motivo... — começou ele.

Do outro lado da linha, uma voz muito profissional respondeu:

— Ah, sim, Joaquim! O pagamento foi referente ao reembolso... 

— Reembolso? — perguntou Joaquim, perplexo.

— Sim, seu manuscrito foi extraviado pelos correios e, por isso, decidimos reembolsá-lo. Pedimos desculpas pela confusão.

Joaquim ficou em silêncio, tentando processar a informação. Ele havia confundido um reembolso por extravio com um pagamento por publicação. Com o coração na mão, ele desligou o telefone.

Desesperado e um pouco envergonhado, decidiu voltar ao bar, onde seus amigos ainda estavam celebrando. Ao entrar, a música parou e todos olharam para ele.

— E então, Joaquim? — gritou Maria, toda empolgada. — Vai ser uma grande festa, não é?

Joaquim respirou fundo e, com um sorriso amarelo, confessou:

— Na verdade, pessoal, eu não recebi um pagamento... O que aconteceu foi que os correios perderam meu livro e eles me reembolsaram!

O silêncio tomou conta da mesa, seguido por uma explosão de risadas.

— Então, você está dizendo que seu livro é tão chato que até os correios não conseguiram se interessar? — brincou Pedro, quase se engasgando.

Joaquim respondeu:

— É, parece que minha obra-prima não estava destinada a ser lida... nem pelos correios!

E assim, entre risadas e piadas sobre formigas, Joaquim decidiu que, talvez, fosse hora de reavaliar suas histórias e, quem sabe, escrever sobre algo mais emocionante. Afinal, ele já tinha experiência com histórias que ninguém queria.

Fontes:
José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

O Ajudante Robô na Horta

Certa manhã, Dona Elda decidiu que era hora de modernizar a horta. Após ver um comercial sobre um robô ajudante, ela teve uma ideia. — Lelé,...